Paulicéia Desvairada

Essa história começa em 1992 e ainda não terminou.
Era uma vez um pobre coitado. O que eu defino por pobre coitado? Você já irá saber. Ele adorava coisas simples da vida: fumar, beber, ver novela, falar palavrão, acompanhar apuração de desfile de escola de samba e de eleições e assistir filmes de super heróis.
Ele sentava em frente à televisão, pegava um copo de uísque, uma caixinha de cigarros e assistia “Deus nos acuda”. Adorava ver a Dercy falando palavrão pra #$%&$%@. Viu o Collor cair. Em 1992 a escola campeão foi a Estácio de Sá com o enredo “Paulicéia Desvairada – 70 anos de Modernismo. “Me dê, me dá, me dá, me dê. Onde você for eu vou com você”.
Os anos se passaram. Ele continuou na frente da televisão para ver as novelas, as apurações, as eleições, o Homem-Aranha, o Batman e o Super-homem.
2008 chegou e veio a lei seca. Agora esse pobre homem só pode beber em casa. Sair com os amigos e encher a cara não dá mais. Querem também proibir cigarro em lugares fechados. A Dercy, companheira de palavrões, morreu. Aquela que parecia imortal.
O carnaval para ele foi comprado. A Beija-Flor novamente. Está achando as novelas ruins. As eleições estão sem graça. Sem político corrupto. Até o vereador Manassés que ele gostava não vai concorrer por ficha suja. A única alegria dele foi ver o Batman no cinema. Ele achou um filme fenomenal! Quase quis matar novamente o Heath Ledger por ter morrido. Ele ficou ótimo como Coringa.
Agora ele descobre que o ator herói do filme, Christian Bale, agrediu a mãe e a irmã. O jeito, para esse pobre coitado, é esperar o ano que vem. “Modernismo movimento cultural, no país da Tropicália tudo acaba em carnaval...”