segunda-feira, 21 de abril de 2008

Nostra Rodzina!



*Nostra do intaliano. Nossa.
Rodzina do polonês. Família.

Meu avô chamava-se João Doering Gorski. E sabe que a honra e moral, pelo menos há 40 anos atrás, era o bem mais precioso de uma pessoa. Eis que surgiu um primo João Doering que aprontou umas lá pelas colônias polonesas e meu avô resolveu retirar o sobrenome para que ninguém o confundisse com o João Doering mal criado.
Creio que por mais desconstruída que esteja a vida das pessoas, em relação aos familiares, ao tempo, a missa de domingo e todos esses padrões de família sólida e feliz, que permanecem há tantos anos, ainda há uma relação de orgulho e carinho pelo nome da família. Pelo menos sinto muito isso em Curitiba.


As pessoas ainda têm conversas interioranas como: “Então eu nasci em Contenda, mas vim pequeno para Curitiba”. E o outro, admirado, pergunta: “Você nasceu lá? Conhece tal família?”. Criando assim uma aproximação entre pessoas antes tão distantes.
Aqui, em Curitiba, muitas pessoas ainda moram perto de seus familiares. Ainda se identificam pelo sobrenome, por um membro mais velho ou mais importante da família. “Você é parente daquele vereador?”. “Esse sobrenome é o mesmo daquele deputado!”. “Tem uma praça com esse sobrenome”.
Tive vários professores que uma das primeiras coisas que comentam ao fazer a primeira chamada do ano é: “Esse seu sobrenome é polonês, não?”. Ou olham o aluno negro e pede seu relato sobre a descriminação no Brasil. Ou perguntam a descendência de cada um. Ou olham o aluno oriental e questionam de que país é a família e se tem pastelaria.

As arvores genealógicas, a língua mãe, os pratos típicos estão voltando com força total. Quem não anda perguntando para a avó que ainda fala ucraniano como se fala bom dia, boa tarde ou boa noite?
Quem ainda não canta parabéns para você em polonês?
Qual família espanhola não faz aquele lindo banquete no Natal?
E as reuniões no clube Sírio-libanês?
Qual família italiano não vive com a mão na massa?
Quais os judeus que não se mantêm unidos nas festas religiosos?
Quem foi que disse que os valores estão perdidos?
O que eu mais vejo são meus colegas querendo retomar o convívio familiar que muitos dos pais desprezavam. Os anos 80 e 90 foram de fuga familiar. Hoje, muitos netos sabem mais sobre a cultura familiar que seus pais. A aldeia global se expandiu de tal maneira que tem muita gente querendo voltar para aldeia de Trás dos Montes, no norte de Portugal. E olha que nem fogão tem lá.

3 comentários:

Rodolfo Stancki disse...

Viva a polacada!
Eu até contaria a história da minha família, mas ela é muito cumprida! E não vou negar que há uma grande possibilidade que eu não saiba também...

Amo você!

Bjos!

Unknown disse...

então, faltou a alemãonzada hehehehehehehehehe! mais é bem isso os anos que se seguem vão ser de reconstrução cultural!!!!! tremendo ciclo vicioso!!!! e por falar em tirar nomes decobri recentemente que perdi o meu português afff fiquei sem o guimarães!!!!beijo

Sheila Gorski disse...

Pior essas pessoas que tem o sobrenome português e não usam. =\
Meu pai adora.

A história da nossa família é uma coisa tão legal!
Beijos você dois polacos, com decendência óbvia ou não. =D